Este ano comemoram-se 500 anos da morte de Leonardo da Vinci. Há como que um renascer das suas obras e dos seus cadernos, estudados e analisados nas várias vertentes. Não podíamos deixar de escrever sobre o mestre que nos desperta um enorme fascínio. Tal como Walter Isaccson o descreve, é “o génio mais criativo da história”. Leonardo nasceu a 15 de Abril de 1452, perto de Vinci na zona da Toscana, entre Florença e Pisa. Era filho ilegítimo de um notário (Ser Piero da Vinci) e de uma “camponesa”. Em 1473, com 21 anos e um talento imenso, desenhou num dos seus cadernos uma paisagem do Vale do Arno que lhe valeu as primeiras encomendas: um retábulo para uma capela do Palazzo della Signoria e a pintura A Adoração dos Magos que, como tantos outros trabalhos, nunca chegou a ser concluída. Desde logo Andrea del Verrochio reconheceu os seus dotes artísticos aceitando-o como aprendiz na sua oficina em Florença. Aqui teve oportunidade de começar a trabalhar para os Médicis. O desejo do conhecimento era insaciável. Estudou áreas tão ecléticas como a pintura, latim, geometria, anatomia, engenharia, hidráulica entre tantas outras, tentando perceber as ligações entre elas. Cada uma destas áreas era por ele tratada de forma tão minuciosa que ainda hoje é admirada. A primeira descrição da arterosclerose da história da medicina, por exemplo, foi feita por ele depois de dissecar um corpo de um idoso de 100 anos. A natureza fascinava-o. O simples movimento da água, por exemplo, é descrito ao longo de 72 páginas do Códice Leicester. Porque é que o céu é azul, ou porque a lua tem luz (ou reflete) eram algumas das perguntas ou mistérios que o inquietavam. Para Leonardo, a ciência não era uma actividade separada da arte. Para pintar o corpo humano era importante saber a sua constituição: como se moviam os membros, os músculos, qual o comportamento dos corpos em movimento. Chegava ao pormenor de ter de saber que músculos interviam no sorriso de uma pessoa. Só esta visão justifica a perfeição nas suas obras e a transmissão de movimento e sentimento aos desenhos e quadros, perfeição esta atingida na Monalisa. Um dos estudos que mais fascina é o do feto, não só pelas descrições que faz mas sobretudo pelos desenhos. Numa folha de um dos cadernos desenhou o útero humano com um feto e todos os pormenores anatómicos que chegou a ser descrito por Jonathan Jones (crítico de arte) como “a mais bela obra de arte do mundo”.

Feto no útero (foto Wikipedia)

Mona Lisa de Leonardo da Vinci no Museu do Louvre

Estátua da Virgem com o menino Jesus a rir (Fotografia: Victoria & Albert Museum, London)

Estátua de Leonardo em Milão
0 Comentários