A primeira coisa que deve vir ao pensamento de quem lê este texto é: o quê? viajar em lazer para Angola?
Pois é isso mesmo, depois de alguma burocracia saíram os vistos e lá fomos nós.
A par de outros países da África Central, Angola ainda conserva muito da essência e das raízes africanas (nada exploradas pelo turismo): clima, fauna, flora, paisagem, cultura e gente genuína. Por exemplo, assim que saímos de Luanda, para Sul, na barra do rio Kwanza, passamos numa pequena floresta tropical onde pudemos ver macacos que vêm ter connosco à espera que lhe demos de comer.
O que torna o país único é também o seu clima que, embora localizado na zona tropical, tem características muito particulares, existindo apenas duas estações no ano, o verão (das chuvas) que vai de Outubro a Abril e a seca, conhecida por cacimbo, de Maio a Agosto.
As línguas bantas (um ramo linguístico do grupo benue-congolês da família nigero-congolesa), como o kimbundu (Norte e Luanda), o mbundu (no Sul) e o chokwe (Nordeste e parte central do país) ainda são faladas em diversas zonas do país, sobretudo pelos mais velhos.
O povo Chokwe por exemplo tem uma das culturas mais ricas do país e a sua arte, ligada ao culto dos antepassados e à celebração da vida, tem inspirado muitos artistas contemporâneos. A UNESCO atribuiu mesmo o título de património imaterial da humanidade às máscaras Mukishi deste povo.
Os Chokwe faziam parte do império Lunda ou de Mwata Yanvo Muatianvuas, cuja ascensão e queda na região central africana aconteceu entre os séculos XVII e XIX.
Os angolanos são pessoas afáveis, humildes e amigos de ajudar. Na sua cultura e vivência continua ainda muito enraizada (pela positiva) a presença colonial portuguesa assim como os costumes – exemplo disso é o Museu de História Militar de Angola no Forte de São Miguel (em Luanda). Existe alguma simpatia, e até afecto, pelos “tugas” ou “pulas” chegando a haver a diferenciação entre estrangeiros e portugueses.
Logo quando saímos do avião sentimos uma baforada de sensações que nos activam quase todos os sentidos, o calor, o cheiro da terra, o sotaque das pessoas, a envolvência ambiental.
Uma coisa muito importante a ter em mente, e nunca esquecer, é que estamos em Angola, tudo tem tempo para acontecer, por isso habitue-se, tudo é feito com calma (muita calma), sem stress e sem hora marcada.
Luanda é o centro da vida política e económica de Angola. A capital tem mais de oito milhões de habitantes, distribuída entre as modernas construções, os bairros mais modestos e os “musseques”.
Na linha de costa, muito mais calmo, é interessante visitar Benguela, Lobito, Sumbe e o Namibe, sem esquecer Cabinda. Mais no interior Malange, Huambo, Lubango e Dundo. Claro que o que há para visitar não se cinge apenas a estes locais, para além das cidades existe muito mais: as florestas tropicais, as quedas de Kalandula em Malange, o parque o Parque Nacional de Quiçama, o deserto do Namibe (o mais antigo do mundo), a serra da Leba, a nascente do Okavango, e muito, muito mais.
Into the Okavango – Documentário National Geographic (projecto Okavango Wilderness Project’s 2018)
Angola não é só o país onde se vai trabalhar, há muito para ver, descobrir e redescobrir neste país que renasceu há pouco mais de 40 anos.
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Visitar ou outro lugar, o importante é ir, porque "viajar é ir"...
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